quarta-feira, 6 de abril de 2011

Conquista da capital

  
Olá amigos do CFC! Aqui está a segunda parte da série que começou semana passada sobre a Revolução Farroupilha.

O 20 de setembro de 1835 ainda não havia amanhecido quando José Gordilho de Barbuda, o Visconde de Camamu, comandante da guarda do governo, desceu com sua tropa pela Estrada da Várzea (atual João Pessoa). Ia conferir a informação de que tropas rebeldes estariam acampadas pouco além da ponte da Azenha, pronta a atacar a capital. Estavam aquém da ponte. Um, piquete de 30 homens, chefiados pelo capitão Manuel Vieira da Rocha, recebeu as forças imperiais à bala e à espada. O presidente da província, Antônio Fernandes Braga, desconfia que seu governo está chegando ao fim. O presidente convocou os chefes militares restantes, correu para o Arsenal, na ponta da península, e ficou à espera de reforços. Apresentaram-se apenas 17 homens, percebem do fim, raspou os cofres e desceu para o porto, onde embarcou na escuna Rio-grandense.

 O maior dos caudilhos

Quando Bento Gonçalves nasceu, em 23 de setembro de 1788, na Estância da Piedade, em Triunfo, seus pais queriam que ele se se dedicasse à vida religiosa. Com o destino nas próprias mãos, Bento se sentiria tentado a mudar coisas deste mundo. Em 1835, três dias antes de completar 47 anos, era aclamado como o grande líder da Revolução Farroupilha.
A carreira militar era mesmo a vocação de Bento, mas ela só se manifestaria quando ele tinha 23 anos. Em 1811, apresenta-se à Companhia de Ordenança de D. Diogo de Souza, que preparava a invasão da Banda Oriental (futuro Uruguai). Bento dispensado como excedentes seis meses depois, compra uma estância, chamada Leonche, e se fixa em definitivo na região. Casa-se em 1814, aos 26 anos, com uma Uruguaia. Nessa época muitos Rio-grandenses já haviam se estabelecido na banda oriental, já anexada ao Brasil. Alguns tinham aderido ao movimento republicano, inclusive naturalizando-se para melhor participarem da luta dos federalistas. Em até 1825 Bento manteve relações amistosas com republicanos, federalistas e artiguistas uruguaios. Muitos o visitava na Fazenda da Leonche. Quando estoura a guerra de libertação da banda oriental, em 1825, a casa comercial de Bento é destruída e a Fazenda Leonche saqueada. E Bento se transfere para sua estância Cristal, em Camaquã, e experimenta a derrota na batalha de Passo do Rosário, em 1827. Sua formação nacionalista se completa com a entrada na maçonaria, em 1830, e nas lutas contra sociedade militar. Em 1833, como comandante da fronteira de Jaguarão, sofre um duro golpe: influenciado por integrantes da sociedade militar, o presidente da província, José Mariani, acusa Bento de conspiração com rebeldes uruguaios para anexar o Rio Grande a Cisplatina. Chamado à corte, junto com o major João Manuel, Bento magnificamente de um exemplo de sua capacidade de convencimento. Ao fazer a própria defesa diante do padre Feijó, ministro da justiça com poderes excepcionais, não só provou sua inocência como derrubou o acusador. A seguir indicou o novo presidente da província, Fernandes Braga. Braga fez a mesma acusação em abril de 1835, pouco depois de Bento Ter sido nomeado comandante da Guarda Nacional do Rio Grande do Sul. Caiu no ridículo por não Ter como prová-la. O primeiro racha na frente farroupilha aconteceu menos de três meses depois. O novo presidente da província, José de Araújo Ribeiro, nomeado pelo governador central, não era homem de plena confiança.
Em 3 de março de 1836, o governo central ordena a transferência de todas as repartições públicas para o Rio Grande. Era o sinal de que não haveria acordo. Os farrapos aceitam a radicalização, e no mês seguinte seu comandante das armas, João Manuel de Lima e Silva, prende em Pelotas um dos mais populares oficiais do exército imperial, o major (mais tarde marechal) Manuel Marques de Souza a seguir, trancafia-o no Presiganga, barco–prisão ancorado no Guaíba, acelerando a marcha para a ruptura definitiva. Imediatamente os imperiais planejaram a retomada da capital. Isso aconteceu na noite de 15 de junho. O tenente Henrique Mosye, um alemão integrante das forças imperiais que estava preso no quartel do 8º BC, em Porto Alegre, subornou a guarda e libertou 30 soldados. O grupo surpreendeu patrulhas, tomou vários pontos estratégicos e libertou Marques de Souza e outros 12 oficiais que estavam detidos no Presiganga. O presidente da província, Marciano Ribeiro, foi preso e, em seu lugar, colocado o marechal João de Deus Menna Barreto.
Duas semanas depois, Bento Gonçalves ainda tentou reconquistar a cidade, mas suas forçar foram repelidas depois de três horas de luta. Entre 26 de junho de 1836 e 8 de dezembro de 1840, com dois intervalos, Porto Alegre sofreria um total de 1.283 dias de cerco, mas os farrapos nunca mais conseguiriam retomá-la.

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